O câncer de pele é o tipo de câncer mais comum no Brasil, responsável por cerca de 30% de todos os diagnósticos oncológicos no país.
Essa alta incidência se explica principalmente pela grande exposição solar da população, associada à falta de medidas de prevenção contínuas. Apesar disso, muitos casos poderiam ser evitados ou tratados precocemente se houvesse maior atenção aos sinais iniciais.
Um exemplo recente que chamou a atenção foi o relato da atriz Fernanda Rodrigues, que revelou ter enfrentado um carcinoma basocelular após identificar uma pequena lesão na pele.
Sua decisão de compartilhar publicamente a experiência trouxe luz ao tema e reforçou a importância de prestar atenção às mudanças no corpo e de buscar orientação médica.
O objetivo deste artigo é informar, conscientizar e destacar o papel do ultrassom dermatológico como aliado indispensável para o diagnóstico precoce e o acompanhamento seguro do câncer de pele.
O que é o câncer de pele?
O câncer de pele é o tipo de câncer mais comum no Brasil e no mundo. Ele ocorre quando células da pele sofrem mutações e passam a se multiplicar de forma descontrolada, formando tumores.
Apesar de estar diretamente associado à exposição solar, fatores genéticos e imunológicos também desempenham papel importante.
Reconhecer os diferentes tipos é essencial, já que cada um apresenta características próprias e exige estratégias específicas de tratamento.
Tipos mais comuns de câncer de pele
Carcinoma basocelular (CBC)
O carcinoma basocelular (CBC) é a forma mais frequente de câncer de pele.
Ele se origina nas células basais, que ficam na camada mais profunda da epiderme. Embora raramente provoque metástases, o CBC pode crescer lentamente e destruir tecidos próximos se não for tratado.
Geralmente surge como pequenas lesões peroladas, avermelhadas ou com crostas que não cicatrizam. Como resultado, a detecção precoce é fundamental para evitar complicações.
Carcinoma espinocelular (CEC)
O carcinoma espinocelular (CEC) é o segundo tipo mais comum de câncer de pele. Ele tem origem nas células escamosas da epiderme e apresenta um comportamento mais agressivo que o CBC.
Em alguns casos, pode metastatizar, especialmente quando diagnosticado tardiamente.
As lesões costumam aparecer como feridas persistentes, placas ásperas ou nódulos endurecidos, muitas vezes em áreas expostas ao sol, como rosto, orelhas e mãos.
Melanoma: o mais agressivo
Entre os tipos de câncer de pele, o melanoma é o mais agressivo e perigoso.
Ele se desenvolve nos melanócitos, células responsáveis pela produção de melanina. Apesar de representar apenas 3 a 4% dos casos, responde por mais de 80% das mortes relacionadas à doença.
Esse tipo costuma se manifestar em pintas ou manchas que mudam de cor, formato ou tamanho. Como pode se espalhar rapidamente para outros órgãos, exige diagnóstico imediato e tratamento ágil.
Por que o câncer de pele é tão prevalente no Brasil?
O câncer de pele é a forma mais comum de câncer diagnosticada no Brasil, e sua alta incidência não é por acaso. Diversos fatores, que vão desde o clima até a falta de prevenção sistemática, explicam por que tantos brasileiros enfrentam esse problema de saúde.
Exposição solar intensa
O Brasil é um país tropical, com alta incidência de radiação ultravioleta durante praticamente todo o ano.
Essa realidade, somada ao hábito de exposição prolongada ao sol sem a devida proteção, aumenta drasticamente o risco de desenvolver câncer de pele.
Muitas pessoas ainda acreditam que apenas a praia representa perigo, mas a verdade é que atividades rotineiras, como caminhar, dirigir ou trabalhar ao ar livre, também acumulam danos solares.
Com o tempo, essas pequenas exposições contribuem para mutações nas células da pele, favorecendo o aparecimento de tumores.
Falta de prevenção sistemática
Apesar de campanhas educativas, a prevenção do câncer de pele ainda enfrenta desafios.
O uso de protetor solar de forma diária não é rotina para a maioria da população. Além disso, muitas pessoas não realizam consultas regulares com dermatologistas, o que dificulta o diagnóstico precoce.
Essa ausência de monitoramento faz com que lesões iniciais, que poderiam ser tratadas de maneira simples, evoluam para quadros mais graves.
Histórico familiar e fatores genéticos
Outro aspecto relevante é o histórico familiar. Indivíduos com parentes que já tiveram câncer de pele apresentam risco aumentado de desenvolver a doença.
Além disso, fatores genéticos, como pele clara, olhos claros e predisposição à formação de sardas, tornam certos grupos mais vulneráveis.
Quando essa predisposição se combina com o excesso de sol e a falta de prevenção, o resultado é um aumento significativo nos casos diagnosticados.
O caso de Fernanda Rodrigues: um alerta necessário
O câncer de pele atinge milhares de brasileiros anualmente, mas muitos ainda o subestimam.
Recentemente, a atriz Fernanda Rodrigues trouxe esse tema à tona ao relatar que se livrou de um carcinoma, tumor originado em tecido epitelial, após detectar uma pequena mancha na testa.
Ela compartilhou esse relato em suas redes sociais como parte de uma retrospectiva de 2024, ressaltando a importância do diagnóstico precoce.
Como ela descobriu a lesão suspeita
Fernanda Rodrigues notou uma pequena mancha na testa que não se parecia com uma cicatriz comum.
Atenta às mudanças no próprio corpo, ela procurou uma dermatologista. O médico recomendou a remoção da lesão, que mais tarde foi confirmada como um carcinoma basocelular, a forma mais comum de câncer de pele.
Felizmente, a detecção precoce permitiu que o procedimento fosse simples e eficiente.
Impacto na conscientização
Ao tornar pública sua experiência, Fernanda desencadeou um forte movimento de conscientização. Afinal, sua postura proativa mostrou que prestar atenção ao corpo faz diferença.
Desde então, muitas pessoas passaram a se comprometer com visitas regulares ao dermatologista e com o uso de protetor solar, independentemente da idade ou tom de pele.
Além disso, a atriz fez um apelo sensível: “Procure seu dermatologista uma vez por ano, independentemente da cor da sua pele.
Fatores de risco do câncer de pele
Exposição solar e radiação ultravioleta
O fator de risco mais conhecido para o câncer de pele é a radiação ultravioleta (UV).
A exposição excessiva ao sol, especialmente sem proteção adequada, provoca danos cumulativos ao DNA das células cutâneas.
Esses danos, ao longo do tempo, aumentam a probabilidade de mutações que resultam em tumores. Além disso, o uso frequente de câmaras de bronzeamento artificial intensifica o risco, já que emite níveis elevados de radiação UV.
Por essa razão, dermatologistas recomendam protetor solar diário, roupas de proteção e evitar o sol entre 10h e 16h.
Histórico familiar e predisposição genética
Outro fator determinante para o desenvolvimento do câncer de pele é o histórico familiar.
Pessoas com parentes próximos diagnosticados com melanoma ou outros tipos da doença apresentam risco consideravelmente maior.
Além disso, indivíduos com pele clara, sardas, olhos ou cabelos claros carregam maior predisposição genética, pois possuem menos melanina, pigmento que atua como barreira natural contra os raios solares.
Assim, quando fatores genéticos se somam à exposição solar inadequada, o risco cresce ainda mais.
Doenças de pele prévias e imunossupressão
Condições de saúde específicas também contribuem para o aumento do risco.
Pacientes que já tiveram lesões cutâneas prévias ou doenças crônicas de pele devem redobrar a atenção. Da mesma forma, pessoas imunossuprimidas, como transplantados que utilizam medicamentos para evitar rejeição ou portadores de doenças autoimunes em tratamento, ficam mais vulneráveis ao câncer de pele.
Nesses casos, a resposta natural do corpo contra células anormais é enfraquecida, permitindo que tumores surjam com maior facilidade.
Sintomas do câncer de pele que não devem ser ignorados
Alterações em pintas e manchas
Mudanças em pintas e manchas representam um dos sinais mais comuns de alerta para o câncer de pele.
Quando uma pinta cresce rapidamente, muda de cor, apresenta bordas irregulares ou causa coceira e sangramento, o ideal é procurar um dermatologista.
A chamada “regra do ABCDE” ajuda na observação: A (assimetria), B (bordas irregulares), C (cores diferentes), D (diâmetro maior que 6 mm) e E (evolução ao longo do tempo).
Ignorar esses sinais pode permitir a evolução de melanomas, o tipo mais agressivo da doença.
Feridas que não cicatrizam
Outro sintoma que merece atenção é a presença de feridas que não cicatrizam, especialmente em áreas expostas ao sol, como rosto, braços e mãos.
Feridas persistentes podem indicar carcinomas basocelulares ou espinocelulares, formas comuns de câncer de pele.
Muitas vezes, essas lesões são confundidas com pequenas irritações, mas sua permanência por semanas ou meses demonstra que algo não está normal.
Identificá-las precocemente reduz a necessidade de cirurgias maiores e melhora o prognóstico.
Crescimento de nódulos e lesões irregulares
O aparecimento de nódulos, caroços ou lesões de aspecto irregular também deve acender um alerta.
Esses sinais podem indicar tumores em estágio inicial que, se negligenciados, tendem a crescer e invadir tecidos vizinhos. Lesões endurecidas, avermelhadas ou descamativas são exemplos de alterações que exigem avaliação médica imediata.
Diagnóstico do câncer de pele: como é feito?
O diagnóstico do câncer de pele deve ser realizado com rigor, já que a detecção precoce aumenta significativamente as chances de cura.
Para isso, os médicos contam com diferentes etapas de avaliação, que incluem exame clínico, dermatoscopia e biópsia. Cada uma dessas fases contribui para confirmar ou descartar a presença de tumores cutâneos e definir o melhor tratamento.
Avaliação clínica e exame físico detalhado
O primeiro passo no diagnóstico do câncer de pele é a avaliação clínica.
Durante a consulta, o dermatologista observa atentamente toda a superfície da pele, buscando identificar alterações em pintas, manchas, feridas ou nódulos suspeitos.
Esse exame físico detalhado é essencial, pois permite detectar sinais precoces que muitas vezes passam despercebidos pelo paciente.
Além disso, o histórico pessoal e familiar também é considerado, já que pessoas com predisposição genética apresentam risco maior.
Uso da dermatoscopia para identificar padrões suspeitos
Após o exame clínico, o médico pode utilizar a dermatoscopia, um método não invasivo que amplia e ilumina a lesão em até 10 vezes.
Essa técnica possibilita visualizar estruturas invisíveis a olho nu, como padrões de pigmentação, vasos sanguíneos ou bordas irregulares.
Dessa forma, a dermatoscopia melhora a precisão diagnóstica, permitindo diferenciar lesões benignas de casos suspeitos de câncer de pele.
Além disso, o exame pode ser fotografado e arquivado, facilitando comparações futuras.
Biópsia: a confirmação diagnóstica
Embora a avaliação clínica e a dermatoscopia sejam fundamentais, a biópsia continua sendo o exame definitivo para confirmar o câncer de pele.
O procedimento consiste em remover parte ou toda a lesão para análise em laboratório. A partir desse estudo histopatológico, o médico identifica o tipo exato de tumor, como carcinoma basocelular, espinocelular ou melanoma, e define o tratamento mais adequado.
O papel do ultrassom dermatológico no câncer de pele
O câncer de pele exige diagnósticos cada vez mais precisos e menos invasivos.
Nesse cenário, o ultrassom dermatológico surge como um aliado fundamental para médicos e pacientes, pois complementa exames clínicos tradicionais e amplia a segurança no acompanhamento da doença.
Avaliação detalhada da profundidade da lesão
O ultrassom dermatológico utiliza transdutores de alta frequência, entre 20 e 50 MHz, o que garante imagens em alta resolução das camadas superficiais da pele.
Essa tecnologia permite medir com exatidão a profundidade das lesões e identificar se o tumor comprometeu estruturas vizinhas, como tecido subcutâneo, vasos sanguíneos ou músculos.
Assim, o exame orienta a escolha da melhor estratégia terapêutica e reduz o risco de abordagens inadequadas.
Suporte no diagnóstico e no estadiamento
Embora a biópsia continue sendo o exame definitivo, o ultrassom dermatológico fornece informações valiosas antes mesmo da retirada do material para análise.
Ele ajuda a diferenciar lesões benignas de suspeitas e, ao mesmo tempo, auxilia no estadiamento do câncer de pele.
Em casos de melanoma, por exemplo, a avaliação ultrassonográfica contribui para identificar linfonodos comprometidos, ampliando a precisão da investigação clínica.
Monitoramento após o tratamento
Outro papel relevante do ultrassom dermatológico está no acompanhamento pós-tratamento.
O exame detecta recidivas precoces, avalia cicatrizes e monitora a resposta a terapias cirúrgicas ou medicamentosas.
Como é indolor, rápido e livre de radiação, pode ser repetido sempre que necessário, garantindo um controle contínuo e seguro da evolução do paciente.
Diferenças em relação ao ultrassom tradicional.
O ultrassom dermatológico se diferencia do ultrassom tradicional principalmente pela frequência utilizada nos transdutores.
Enquanto os exames convencionais, como o abdominal ou obstétrico, operam geralmente entre 2 e 15 MHz, o ultrassom dermatológico utiliza frequências mais altas, que variam entre 20 e 50 MHz.
Essa diferença garante imagens com resolução muito superior, permitindo observar estruturas da pele e do tecido subcutâneo com clareza milimétrica.
Outra distinção está na profundidade de penetração.
O ultrassom tradicional é indicado para avaliar órgãos internos, como fígado, rins e útero e, portanto, precisa alcançar camadas mais profundas do corpo.
Já o ultrassom dermatológico foca nas camadas superficiais, como epiderme, derme e hipoderme, oferecendo uma visão detalhada dessas regiões, sem perder qualidade na imagem.
Além disso, o ultrassom dermatológico consegue mapear lesões cutâneas, avaliar implantes subcutâneos, identificar processos inflamatórios e até auxiliar no diagnóstico de câncer de pele.
Por outro lado, o ultrassom tradicional não tem resolução suficiente para esse nível de detalhe.
Considerações Finais
O câncer de pele é hoje um dos maiores desafios de saúde pública no Brasil, mas também é um dos mais preveníveis. Ao longo do artigo, vimos que seus principais tipos, carcinoma basocelular, espinocelular e melanoma, apresentam características distintas, porém todos exigem atenção imediata.
A história da atriz Fernanda Rodrigues mostrou que reconhecer sinais precoces e buscar ajuda médica pode salvar vidas, reforçando o valor da conscientização.
Além disso, compreendemos que fatores como exposição solar intensa, predisposição genética e imunossupressão aumentam os riscos, enquanto sintomas como alterações em pintas, feridas persistentes e nódulos em crescimento não podem ser ignorados.
O diagnóstico envolve avaliação clínica, dermatoscopia e biópsia, mas tecnologias como o ultrassom dermatológico já ampliam a precisão e oferecem maior segurança no acompanhamento.
Assim, prevenir continua sendo o melhor caminho.
Usar protetor solar, adotar hábitos saudáveis e realizar check-ups dermatológicos regulares são atitudes simples que fazem toda a diferença para preservar a saúde da pele e garantir qualidade de vida.