O ator Marcelo Farias recentemente revelou que enfrenta um diagnóstico de herpes zoster, gerando repercussão intensa nas redes e na mídia.
Ele explicou que sentiu dor incomum, seguida por erupções cutâneas típicas (sintomas característicos da doença). Apesar de ser uma figura pública, seu relato trouxe à tona uma reflexão importante: o herpes zoster pode afetar qualquer pessoa, inclusive aquelas que aparentam estar saudáveis.
Mesmo sem doenças crônicas, muitos indivíduos acreditam estar imunes à reativação do vírus varicela-zoster, por terem tido catapora na infância.
Entretanto, a imunidade diminui naturalmente com o tempo, ou pode sofrer interferência por fatores como estresse, fadiga ou uso de medicamentos. Por isso, falar sobre herpes zoster não é privilégio para pacientes vulneráveis, mas um tema relevante para toda a população.
Neste artigo, queremos informar e conscientizar. Vamos explicar o que é herpes zoster, quem corre risco, quais são os sintomas aos quais se deve prestar atenção e por que diagnosticar cedo faz toda a diferença.
O que é herpes zoster?
O herpes zoster é uma infecção viral causada pela reativação do vírus varicela-zoster, o mesmo responsável pela catapora.
Após o episódio inicial da catapora, o vírus não é eliminado do corpo. Em vez disso, ele permanece em estado latente nos gânglios nervosos.
Quando o sistema imunológico enfraquece, esse vírus pode “acordar” e provocar a doença.
Reativação do vírus varicela-zoster
A reativação do vírus acontece, em geral, em pessoas com imunidade comprometida, seja pela idade, por doenças crônicas ou pelo uso de medicamentos imunossupressores.
Nessa situação, o vírus percorre os nervos até a pele, causando dor intensa, formigamento e erupções cutâneas características.
Dessa forma, o herpes zoster não surge como uma infecção nova, mas sim como consequência de uma infecção anterior.
Herpes Zoster e a relação com catapora prévia
Todo indivíduo que já teve catapora corre risco de desenvolver herpes zoster no futuro.
Essa ligação é direta: a catapora é a primeira manifestação do vírus; o herpes zoster, a reativação tardia dele.
Embora mais comum em pessoas acima dos 50 anos, a doença pode aparecer em adultos jovens, especialmente se houver estresse, fadiga intensa ou queda da imunidade.
Quem corre risco de desenvolver herpes zoster?
Idade avançada e sistema imunológico comprometido
O risco de desenvolver herpes zoster aumenta conforme a idade avança.
Isso ocorre porque o sistema imunológico naturalmente perde eficiência com o tempo, tornando-se menos capaz de conter a reativação do vírus varicela-zoster, responsável pela doença.
Assim, pessoas acima de 50 anos representam o grupo mais vulnerável, especialmente quando associam outras condições clínicas.
Estresse e doenças crônicas
Outro fator relevante é o estresse, que afeta diretamente a imunidade.
Quando o corpo enfrenta longos períodos de tensão física ou emocional, o vírus latente pode se reativar, desencadeando o herpes zoster.
Além disso, doenças crônicas como diabetes, hipertensão ou câncer aumentam a probabilidade de surgimento da condição.
Pacientes submetidos a tratamentos intensos, como quimioterapia, também apresentam maior risco, já que esses processos reduzem a capacidade de defesa do organismo.
Uso de corticosteroides e imunossupressão
O uso contínuo de medicamentos corticosteroides ou de fármacos imunossupressores, comuns em doenças autoimunes e em pacientes transplantados, favorece o reaparecimento do vírus.
Nesses casos, o sistema imune é artificialmente enfraquecido, o que abre caminho para a manifestação do herpes zoster.
Dessa forma, esses pacientes devem redobrar a atenção, comunicar sintomas precocemente e considerar estratégias preventivas, como a vacinação.
Sintomas clássicos do herpes zoster
Dor e formigamento antes das lesões aparecerem
O herpes zoster geralmente começa de forma silenciosa.
Dias antes do surgimento das lesões, o paciente pode sentir dor, formigamento, coceira ou queimação localizada em uma região do corpo.
Esses sinais iniciais costumam se concentrar em um único lado, acompanhando o trajeto de um nervo. Por isso, muitos confundem os sintomas com problemas musculares ou ortopédicos.
Erupções cutâneas em faixa ou dermatômica
Após essa fase inicial, o herpes zoster evolui para a formação de erupções cutâneas características.
Elas aparecem em forma de faixa, limitadas ao território de um nervo (padrão dermatômico).
Inicialmente surgem como manchas avermelhadas, que em seguida se transformam em pequenas bolhas cheias de líquido. Com o passar dos dias, essas bolhas se rompem, secam e formam crostas.
Sensibilidade, ardor e bolhas com crostas
Além das lesões visíveis, o paciente costuma relatar dor intensa, ardor e hipersensibilidade ao toque.
Em muitos casos, essa dor persiste mesmo após a cicatrização, resultando na chamada neuralgia pós-herpética, uma das complicações mais temidas do herpes zoster.
Como é feito o diagnóstico de herpes zoster?
O diagnóstico do herpes zoster geralmente é clínico.
O médico avalia o histórico do paciente e observa a distribuição típica das lesões em faixa. Em casos atípicos ou complicados, exames complementares como PCR ou sorologias podem confirmar a presença do vírus varicela-zoster.
Quanto mais cedo o diagnóstico for estabelecido, maiores são as chances de controlar os sintomas e evitar complicações.
Exames complementares quando necessário
Exames laboratoriais para maior precisão
Quando há dúvida diagnóstica, o herpes zoster pode ser confirmado por exames laboratoriais específicos.
O teste de PCR (reação em cadeia da polimerase) detecta diretamente o DNA do vírus varicela-zoster, oferecendo alta sensibilidade e rapidez.
Outra possibilidade é a cultura viral, embora seja menos utilizada devido ao tempo de resultado. Além disso, testes sorológicos podem identificar anticorpos, sendo úteis em casos atípicos ou em pacientes imunocomprometidos.
Exames de imagem em casos graves
Em algumas situações complicadas, como suspeita de acometimento neurológico ou ocular, os exames de imagem tornam-se indispensáveis.
A ressonância magnética pode revelar inflamações em nervos cranianos, enquanto a tomografia auxilia na avaliação de complicações intracranianas. Já o ultrassom de partes moles pode ser usado para diferenciar o herpes zoster de outras condições de pele, como abscessos ou celulite.
Tratamentos disponíveis para herpes zoster
Antivirais orais ou intravenosos
O tratamento do herpes zoster baseia-se, principalmente, no uso de medicamentos antivirais.
Essas drogas, como aciclovir, valaciclovir ou famciclovir, reduzem a multiplicação do vírus varicela-zoster e aceleram a cicatrização das lesões.
Para obter melhores resultados, os antivirais devem ser iniciados nas primeiras 72 horas após o aparecimento dos sintomas.
Em casos leves, eles são administrados por via oral. No entanto, em situações graves ou em pacientes imunossuprimidos, a administração intravenosa pode ser necessária, garantindo maior eficácia e controle da infecção.
Alívio sintomático com medidas complementares
Além dos antivirais, o herpes zoster exige medidas de suporte para aliviar os sintomas dolorosos.
Analgésicos simples podem ser usados nos quadros moderados, enquanto em dores intensas podem ser indicados medicamentos mais potentes, incluindo opioides.
Pomadas calmantes e compressas frias ajudam a reduzir o desconforto local, diminuindo a inflamação e a sensação de ardor. Antihistamínicos também podem ser prescritos para aliviar a coceira.
Importância do tratamento precoce
Iniciar o tratamento rapidamente é essencial não apenas para acelerar a recuperação, mas também para reduzir o risco de complicações, como a neuralgia pós-herpética.
Quanto antes os antivirais forem administrados, menor a chance de a dor persistir após a cura das lesões.
Dessa forma, buscar atendimento médico nos primeiros sinais da doença é fundamental para garantir uma evolução mais favorável.
Cuidados durante o período de cicatrização
Durante a fase de cicatrização do herpes zoster, adotar cuidados específicos é essencial para garantir recuperação adequada e reduzir complicações.
Embora os sintomas mais intensos tendam a diminuir após alguns dias, o corpo ainda precisa de atenção redobrada.
Manter a pele limpa e seca é um dos primeiros passos. Dessa forma, as lesões cicatrizam mais rápido e o risco de infecção secundária diminui.
Além disso, o uso de roupas leves e confortáveis ajuda a evitar atrito e irritação na área afetada.
Aplicar compressas frias pode aliviar a coceira e a sensação de ardor, enquanto medicamentos analgésicos controlam a dor.
Também é importante não coçar ou manipular as crostas, pois isso pode prolongar a cicatrização e deixar cicatrizes.
Por fim, descansar adequadamente, hidratar-se e manter alimentação equilibrada fortalecem o sistema imunológico, acelerando o processo de cura e aumentando o conforto do paciente.
Possíveis complicações do herpes zoster
Neuralgia pós-herpética: dor que persiste
Uma das complicações mais temidas do herpes zoster é a neuralgia pós-herpética.
Mesmo após a cicatrização das lesões, a dor pode permanecer por meses ou até anos. Esse sintoma ocorre porque o vírus danifica as fibras nervosas durante a infecção.
Assim, o paciente continua a sentir dor, ardor e sensibilidade na área afetada. Quanto mais cedo o tratamento antiviral começa, menores são as chances dessa complicação se instalar.
Infecções secundárias de pele
Outra complicação comum é a infecção bacteriana das lesões cutâneas.
Como as bolhas se rompem e deixam a pele exposta, bactérias podem penetrar e provocar infecções. Quando isso acontece, os sintomas incluem vermelhidão acentuada, secreção purulenta e aumento da dor.
Por isso, manter a pele limpa, seca e protegida é essencial para evitar que o herpes zoster evolua para um quadro mais grave.
Sequelas visuais ou auditivas
Quando o herpes zoster acomete regiões próximas aos olhos ou ouvidos, o risco de complicações aumenta consideravelmente.
No caso do zoster oftálmico, o vírus pode causar inflamações na córnea, visão turva e até cegueira. Já no zoster auricular, o paciente pode apresentar perda auditiva, tontura e paralisia facial, caracterizando a síndrome de Ramsay Hunt.
Esses quadros exigem acompanhamento médico imediato e tratamento agressivo para reduzir sequelas permanentes.
Prevenção da herpes zoster
Vacinação: quem deve e quando tomar
A forma mais eficaz de prevenir o herpes zoster é a vacinação.
Pessoas acima de 50 anos, principalmente as que já tiveram catapora, devem considerar a imunização. Além disso, pacientes com doenças crônicas ou imunidade comprometida podem se beneficiar da vacina, sempre sob orientação médica. Dessa forma, a imunização reduz significativamente tanto o risco de desenvolver a doença quanto a intensidade das complicações, como a neuralgia pós-herpética.
Manutenção do sistema imune
Outro pilar da prevenção é o cuidado contínuo com a saúde do sistema imunológico.
Manter um sono adequado fortalece as defesas naturais do corpo, enquanto uma alimentação equilibrada, rica em frutas, verduras e proteínas magras, contribui para maior resistência contra infecções.
Além disso, controlar o estresse por meio de exercícios físicos, meditação ou atividades prazerosas ajuda a reduzir a probabilidade de reativação do vírus varicela-zoster.
Considerações finais
O herpes zoster vai muito além de uma simples erupção cutânea.
Ele representa uma condição séria, capaz de comprometer a qualidade de vida e gerar complicações duradouras, como a neuralgia pós-herpética. Ainda que qualquer pessoa que já tenha tido catapora esteja suscetível, os riscos aumentam com a idade, a imunossupressão e o estresse.
Por isso, falar sobre o tema, como fez o ator Marcelo Farias ao divulgar publicamente seu diagnóstico, é essencial para conscientizar a população. Afinal, quanto mais cedo os sintomas são reconhecidos, maiores são as chances de tratamento eficaz e prevenção de sequelas.
A boa notícia é que a vacinação, a atenção aos sinais iniciais e o fortalecimento do sistema imunológico reduzem significativamente os riscos. Dessa forma, cada indivíduo pode agir ativamente para proteger sua saúde e evitar complicações desnecessárias.